quinta-feira, 13 de agosto de 2020

SERvIÇoS TÉnIs e BoLAS





Qualquer semelhança com a realidade não é pura coincidência…. 

Assim, in a long time ago… ou não! Uma miúda, talvez plebe, talvez realeza (parte misteriosa da história), tinha um treino de guerreiros onde arma é uma raquete e o tiro ou a lâmina (o que melhor vos aprouver) é a bola ou bolas... de ténis… 


Esse treino, ocorria antes da batalha final, e aconteceria num reino não muito distante do reino de Spina… 

Assim, e como todas as histórias começam com a famosa frase, era uma vez, vamos seguir o protocolo… 

Era uma vez, uma moça rural ou real, que chega antecipadamente, sem ela própria saber ou imaginar, a um outro treino de jovens guerreiros, titãs desportistas a esgrimir bravamente as suas raquetes e as suas bolas… 

Surpresa a moça, com este treino aguerrido, mas imaginando ela, estar em vias do seu desfecho, vai preparar-se ao nível da indumentária, calçando umas socas nada adequadas à prática de guerrilhas “tenianas”, como brevemente se iria descobrir…. 

Mas adiante… 

Chegada ao campo de batalha a pessoa rural, pergunta a um dos jovens guerreiros:

 − “atão txicos, até que horas vocêses se irão esgrimir, valentemente?” 

Pergunta à qual lhe foi dada a seguinte resposta: 

“garina, tipo, temos a batalha marcada até às 20h00” (cavaleiro 1)

“Fonix, o Mestre enganou-se outra vez… (pessoa rural) 

(plebe e realeza riem-se conjuntamente…) 

“ok, vou ficar a observar, absorver e “botar olho” para ver se aprendo qualquer coisa na arte da boa esgrima (refere a pessoa rural) 

A moça fica ali, em pé, agarrada à vedação a ver os dois bravos guerreiros a debaterem-se com valentia e sedentos de sangue… mas, afinal…. haviam bolas… 

 As bolas...essas desgraçadas que estorvam e que estando no ar tendem a cair (lei da gravidade) sem que as espadas lhes acertem… 


Serviços e mais serviços… falhados…. Uma e outra vez, para desespero e até um pouco de humilhação por haver assistência… Vergonha alheia… sentiu a rural… 


Afinal, a batalha hercúlea que deveria, simplesmente, começar no serviço e seguir a sua vidinha, morria, inglória, antes de começar… 

A dolorosa batalha começava e terminava vezes e vezes sem conta nesse desgraçado serviço…ou melhor nessas tentativas de serviços… 

A pessoa rural percebeu, facilmente que iria ser um momento lúdico… assim, reclinou-se na vedação do campo e apreciou os guerreiros e as suas bolas… 

Sucede que esta, começou a ter vontades incontroláveis… que inicialmente a pessoa tenta, como quase tudo na vida, controlar… parva da campónia, que já deveria saber que nesta vida nada ou quase nada se controla… 

Mas, mesmo assim tentou… das mais variadas formas… foi alongar… foi fazer um aquecimento, etc., uma serie de faits divers, mas a coisa estava a galopar, tal e qual um cavalo selvagem, até que… o riso incluso, libertou-se das amarras que o prendia… e, desmanchou-se como um prato atirado ao chão… 

- “desculpem” - diz a pessoa rural “Não vos quis melindrar/humilhar” insiste. 

Mas o certo é que os cavaleiros tiveram a necessidade de se justificarem pela sua, visualmente, dolorosa e arcaica batalha… 

Intitularam-na de “miserável” … o que no entender da pessoa campónia de miserável não tinha nada, para ela seria precisamente o oposto…. 

Era uma batalha abundantemente rica de sentido de humor… de comédia de riso e de felicidade, pelo menos para quem estava a assistir… 


A questão que mentalmente assistia à pessoa rural, vezes sem conta, ao observar as caras tristes e macambúzias dos cavaleiros, era a seguinte: 

- Se os bravos cavaleiros não se estavam a divertir naquele cenário, por que raio continuavam? 

- Por que raio não estavam simplesmente a jogar um com o outro em vez de repetidamente, de forma inglória andarem a brincar aos serviços…. 

Convenhamos que ninguém ali ia ser o bravo Federer ou o bravo Nadal ou coisa que o valha… 

Não estavam a batalhar no US Open pelo prémio milionário, por isso quanto vale aqueles serviços? 

Pois bem, comecemos pelo início, que era também o que os cavaleiros queriam fazer… 

O serviço ou saque é o lançamento da bola para iniciar um ponto. É feito lançando a bola no ar, e depois com a raquete catrapuz de espancar a bola violentamente... com a raquete (definição da wiki) 

Todo o movimento corporal tem de ser uniforme, flexível e acima de tudo fluído, tem de existir uma perfeita sintonia entre os movimentos corporais a raquete a bola o timing e claro precisas da visão... 

Para além disto tudo, a bola tem de ser atingida não só com a força imposta pelo braço mas com a força de todo o corpo por forma a ser uma espécie de tiro que o adversário não consiga defender. 

Ora, naquele, saudoso, campo de batalha o que eu vi foram corpos inflexíveis e tensos, percebia-se o desconforto dos mesmos a algo que não estavam habituados. 

Corpos a colapsar de nervoso miudinho, daquele que irrita cada vez mais e mais, pés irrequietos e o suor a escorrer… mentes ansiosas, esperando secretamente, pelo almejado fim… 

Segue-se o lançar a bola para o ar… os corpos tremem, a bola é lançada tremulamente, já a contar com o desfecho vil daquela bola maldita a cair inerte no chão….. Mas espera… há esperança…. 

Com mil coriscos acertam na bola…. Esperem... foi fora… volta ao mesmo mas desta vez para o outro cavaleiro… falha e mais falha e mais falha… uma verdadeira tortura medieval… 


Finalmente o Mestre chega para os treinos noturnos…. Habemus treinuuu pensou a campónia num mix de alegria e tristeza pelos guerreiros que saem do campo de batalha com a alma desfeita em lágrimas interiores, mas que toda a gente via…. 

- Miserável dizem eles… miserável… 


Para defesa dos guerreiros não é nada fácil conseguir um serviço decente, quanto mais perfeito, aliás é extremamente difícil.

Mas, cavaleiros não se desgastem, porque nem tudo estava perdido, uma vez que deram à campónia um dos momentos visualmente mais lúdicos e cómicos de todo o seu contacto no mundo das batalhas com raquetes.

E, apesar dos serviços serem miseráveis, foram deliciosos e divertiram-na bastante, e a campónia já foi ao jamor assistir ao mundo encantado dos betos a jogarem padel….sintam-se gratos!

Para que conste a campónia não sabe realizar um serviço nem com a pá do pão quanto mais com uma raquete, mas diverte-se à grande com a sua miserável atuação… 

E, meus amiguinhos, não é este o ponto da vida…. Divertirmo-nos e aproveitar para dar umas valentes risadas da nossa própria insignificância? 


Lembram-se da parte misteriosa…. Pois bem, é que depois de todo este cenário se ter passado, tanto no local da batalha como no cérebro da moça campónia, meia hora depois, enquanto esta faz um esforço heroico digno de louvor de guerra… para tentar bater a bola para o outro lado do campo…. 

Escorrega… de forma poética, é certo...

Os seus belos pés calçados com uma qualquer sapatilha, elevam-se no ar, e de uma forma, tanto de flutuante, como de suave esparrama-se no chão areado… e faz dói dói… 

Conclusão…

Deus é no final das contas castigador…

Mas também ninguém o/a mandou ler os pensamentos da moça campónia, uma vez que, tenho quase a certeza, é invasão de propriedade privada…. 

Have fun and have balls!!!

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